sábado, 20 de dezembro de 2008

Aconteceu no Natal de 1971 em Amsterdam! "It Happened One Christmas!"

(foto: Londres, Inverno de 1972)



Natal é uma data tão especial para mim, pois foi quando a minha vida mudou e nunca mais foi a mesma, em Amsterdam, na Holanda. Eu e o Sergio, meu companheiro de viagem e por muitos anos mais, o meu esposo (depois viemos a nos casar e tivemos lindos filhos e uma família muito feliz!) morávamos em um "house boat", (barco que era transformado em casa). Éramos dois jovens artistas baianos (ele fazia belas artes, eu teatro), geração "Woodstock", "Hair", movimento contracultura, sobreviventes da ditadura militar, etc.
Decidimos viajar para a Europa em Setembro de 1970 como hippies mochileiros, com mais tres amigos baianos, "sem lenço e sem documento", como cantava Caetano. Era uma aventura, pois não tinhamos dinheiro, não falávamos nenhuma outra lingua e não tínhamos passagem de volta! Fomos de navio até Lisboa e de lá nos dividimos e viajamos de carona.
Viajávamos pela Europa , mas Amsterdam se tornou a nossa base, devido a facilidade que tínhamos em conseguir pequenos trabalhos para nos sustentar, lugar para morar, drogas, amizades, etc. Sendo um país muito liberal e aberto, a Holanda se tornou o centro da juventude hippie da Europa, mais especificamente Amsterdam. (foto à direita: hippies na praça Dam Square-Amsterdam)

Os "hippies" (no singular, hippie) eram parte do que se convencionou chamar movimento de contracultura dos anos 60 tendo relativa queda de popularidade nos anos 70 nos EUA, embora o movimento tenha tido muita força em países como o Brasil somente na década de 70. Adotavam um modo de vida comunitário, tendendo a uma espécie de socialismo-anarquista ou estilo de vida nômade e à vida em comunhão com a natureza, negavam o nacionalismo e a Guerra do Vietnã, bem como todas as guerras, abraçavam aspectos de religiões como o budismo, hinduismo, e/ou as religiões das culturas nativas norte-americanas e estavam em desacordo com valores tradicionais da classe média americana e das economias capitalistas e totalitárias. Eles enxergavam o patriarcalismo, o miltarismo, o poder governamental, as corporações industriais, a massificação, o capitalismo, o autoritarismo e os valores sociais tradicionais como parte de uma "instituição" única, e que não tinha legitimidade. (Cortesia de wikipedia)

House boats no canal em Amsterdam

Depois de 1 ano e meio entre idas e vindas, estávamos tão perdidos que não víamos a saída para as nossas vidas. Como hippies, vivíamos uma vida de drogas e "liberdade", em busca da promessa de "paz e amor" que tinha se tornado uma utopia. Como Gil cantava " O sonho acabou, e quem não dormiu no sleeping bag nem sequer sonhou!" Já estávamos cansados daquilo tudo, e sentíamos que estávamos andando em círculos, num labirinto sem saída, já planejando tomar drogas mais fortes e por um fim em nossas vidas. Até que em um belo dia fomos libertos de verdade ao encontrar pessoas jovens, como nós, que estavam igualmente perdidas até serem encontradas por Deus! Nos encontraram milagrosamente antes de um possível suicídio. Não sei se estaríamos vivos, não fôsse por aquele encontro milagroso que Sergio teve numa ponte sobre o canal, com dois estranhos que apareceram, pouco tempo depois que ele clamou a Deus em lágrimas, "Se existe um Deus, por favor, faça alguma coisa para me salvar!" - Aquelas duas pessoas o viram de manhã cedo, cabisbaixo, no frio de uma manhã de inverno, naquela ponte e o abordaram com um alegre e caloroso "Oi, tudo bem? Você gostaria de vir conhecer nossa comunidade e tomar um café da manhã conosco?" que iluminou e aqueceu aquela sombria manhã de inverno - e isso foi o começo de uma longa história! (foto: uma das muitas pontes sobre o canal no inverno)

Desde então, ficamos morando com eles, e nossa vida deu uma reviravolta. Paramos com qualquer tipo de vício e éramos felizes vivendo juntos, estudando a Biblia, cantando e saindo às ruas para encontrar outros que igual a nós andavam perdidos e trazê-los para o redil.

"Pois assim diz o Senhor Deus: Eu, eu mesmo, procurarei as minhas ovelhas, e as buscarei.
Como o pastor busca o seu rebanho, no dia em que está no meio das suas ovelhas dispersas, assim buscarei as minhas ovelhas. Livrá-las-ei de todos os lugares para onde foram espalhadas no dia de nuvens e escuridão.
Tirá-las-ei dos povos, e as farei vir dos diversos países, e as trarei à sua terra, e as apascentarei nos montes de Israel, junto às correntes, e em todos os lugares habitados da terra. (Ezequiel 34:11-13)

Foto: Na praça Dam Square, Amsterdam, Holanda, cantando para centenas de pessoas (eu sou a de óculos e cabeça baixa!

Desde então temos vivido uma vida de fé e nos dedicado a ajudar a outros que tanto precisam e tem uma vida tão vazia e sedenta pela conexão perfeita com o Criador, a paz que só Ele dá, através do seu filho Jesus! Voltamos para o Brasil em 73, depois de passarmos um tempo em Londres, e à partir daí, o grupo se espalhou por todo o país e em diversas outras partes do mundo.
Esta é uma breve versão, mas não podia deixar de contá-la, já que neste Natal estou comemorando 37 anos que aconteceu!
Aqui estão algumas fotos históricas.




(foto: logo antes de embarcar de Londres para o Rio)











Eu e Sergio com nossos dois primeiros filhos, Jerry e Flor, na Bahia em 75.

Rio de Janeiro no nossa primeira casa na rua Paraiso em Sta Teresa.

Na praça General Osório em Ipanema, eu e Sergio, com Sam e outros cantando e "testificando".

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